23 dezembro 2010

NATAL SEM O PAPAI NOEL...

Que Deus nos abençoe neste natal e que o menino Jesus esteja constantemente conosco em 2011............ 

Quero que minha árvore seja feita de silêncios. Silêncios que façam intuir felicidade, contentamento, sorrisos sinceros.

Neste
Natal não quero mandar cartões. Tenho medo de frases prontas. Elas 
representam obrigação sendo cumprida. Prefiro a gratuidade do gesto, o 
improviso do texto, o erro de grafia e o acerto do sentimento. A vida é 
mais bonita no improviso, no encontro inesperado, quando os olhares se 
cruzam e se encontram.

Quero
que minha árvore seja feita de realidades. Neste Natal quero descansar 
de meus inúmeros planos. Quero a simplicidade que me faça voltar às 
minhas origens. Não quero muitas luzes. Quero apenas o direito de 
encontrar o caminho do presépio para que eu não perca o menino Jesus de 
vista. Tenho medo de que as árvores muito iluminadas me façam esquecer o
dono da festa.

Não
quero Papai Noel por perto. Aliás acho essa figura totalmente 
dispensável! Pode ficar no Pólo Norte desfrutando do seu inverno. Suas 
roupas vermelhas e suas barbas longas não combinam com o calor que 
enfrentamos nessa época do ano. Prefiro a presença dos pastores com seus
presentes sinceros.

Papai
Noel faz muito barulho quando chega. Ele acorda o menino Jesus, o faz 
chorar assustado. Os pastores não. Eles chegam silenciosos. São 
discretos e não incomodam...
Os
presentes que trazem nos recordam a divindade do menino que nasceu. São
presentes que nos reúnem em torno de uma felicidade única. O ouro que 
brilha, o incenso que perfuma o ambiente e a mirra com suas composições 
miraculosas.

O
papai Noel chega derrubando tudo. Suas renas indisciplinadas dispersam 
as crianças, reiram a paz dos adultos. Os brinquedos tão espalhafatosos 
retiram a tranquilidade da noite que deveria ser silenciosa e feliz. O 
grande problema é que não sabemos que a felicidade mais fecunda é aquela
que acontece no silêncio.

É
por isso que neste Natal eu não quero muita coisa. Quero apenas o 
direito de recolher o pequenino menino na manjedoura... Quero acolhê-lo 
nos braços, cantar-lhe canções de ninar, afagar-lhe os cabelos, 
apertar-lhe as bochechas, trocar-lhe as fraldas para que não tenha 
assaduras e dizer nos seus ouvidos que ele é a razão que me faz 
acreditar que a noite poderá ser verdadeiramente feliz.

Neste
Natal eu não quero muito. Quero apenas dividir com Maria os cuidados 
com o pequeno menino. Quero cuidar dele por ela. Enquanto eu cuido dele,
ela pode descansar um pouquinho ao lado de José. Ando desfrutando nos 
últimos dias o desejo mais intenso de que a vida vença a morte.

Talvez
seja por isso que ando desejando uma árvore invisível. O único jeito 
que temos de vencer a morte é descobrindo a vida nos pequenos espaços. 
Assim vamos fazendo a substituição. Onde existe o desespero da morte eu 
coloco o sorriso da vida.

Façam o mesmo! 

Descubram
a beleza que as dispersões deste tempo insistem em esconder. Fechem as 
suas chaminés. Visita que verdadeiramente vale à pena chega é pela porta
da frente.

Na noite de Natal fujam dos tumultos e dos barulhos. 
Descubram a felicidade silenciosa. Ela é discreta, mas existe! Eu lhes 
garanto!

Não
tenham a ilusão de que seu Natal será triste porque será pobre. Há mais
beleza na pobreza verdadeira e assumida que na riqueza disfarçada e 
incoerente. O que alegra um coração humano é tão pouco que parece ser 
quase nada. Ousem dar o quase nada. Não dá trabalho, nem custa muito...
E não se surpreendam, se com isso, a sua noite de Natal tornar-se inesquecível.